segunda-feira, 20 de junho de 2011

O MANIFESTO DA DOR



Eu sei que não sou amada.
Na vida sigo ao enlaço de todos,
sem definir tempo, estado,
raça, credo ou situação.
Mister se faz que todos os homens
da terra sintam-me o latejo.
Desde a criação do mundo,
caminho lado a lado nas diretrizes
que o tempo me conduz.

Dizem que com cada semblante triste
que geme aflito,
sou a ferramenta a sulcar “ais” com agonias,
fazendo a lágrima verter
o seu pranto sentido.

Dizem que sou pálida,
como a face que não tem sangue;
perdida, como a mente sem memória;
vazia, como o eco de um grito no precipício;
pontiaguda, como o punhal cortante.

E, por onde passo,
provoco sucessivos lamentos
onde pouso vibrante, até que me vou.
Contudo, eu sei que sou:
a energia latente em seu corpo;
a força que indica quando algo não está perfeito;
a perspectiva para a busca do equilíbrio.

Fui criada com duplo sentido para a reflexão:
despertar a ciência para a preservação da vida;
sublimar a paciência em nome da criação;
sou o presente de Deus para a vida;
também sua melhor amiga;
seu porto seguro a preservar o seu corpo com vida,
pelo manifesto da dor.









JOSEPH
Epígrafe do Livro: Dor Odontogênica
São Paulo: Artes Médicas

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